28.3.06

Sobre mercadões


É verdade que andam elitizados, em muitos lugares perdendo sua autenticidade, seu cheiro peculiar... Mas enfim, para apreciadores de uma boa comida, nada mais estimulante que uma visita ao Mercadão. Temos verdadeira adoração por eles, encabeçam nossa lista de pontos turísticos quando viajamos... Vamos a alguns deles:

1- Ver o Peso – Belém do Pará
Começamos por este que nunca fomos pessoalmente, mas em desejo estamos sempre lá! Um ícone da categoria Mercadão, tem de tudo, basta imaginar que tem... ruas inteiras de pimenta, de garrafadas, de mandingas e patuás (pega marido, afasta quebranto, xô uruca)... além dos peixes, as frutas perfumadas do norte, gosto de banho de rio... Que vontade de comer tacacá!

2- Feiras no Distrito Federal
Em Brasília os Mercadões têm outro nome, se chamam Feiras Permanentes, funcionam de quinta a domingo e estão presentes em quase todas as cidades satélites.
Éramos assíduos da Feira do Guará, uma das mais famosas, todo sábado batíamos cartão. Começávamos pelo café da manhã inusitado: água de coco, melancia, milho assado ou pamonha... Depois, as compras: 10 cocos descascados (fica só uma bolinha, ideal para guardar na geladeira sem ocupar muito espaço), massa de tapioca, cajamangas, pequis, seriguelas, umbus, pinhas... frango caipira, galinha caipira (com os ovinhos tirados de dentro dela), peixes... E as farinhas de toda parte, finas, grosas, com grumo, azedas, doces... Queijos, muitos queijos, requeijão caipira, marronzinho... Massa pra fazer pamonha, milho raladinho, palhas separadas... Saudades das manhãs no Guará!

3- Mercadão de Santiago
Cercado por vitrais coloridos é lindo, lindo... O restaurante Donde Augusto domina o ambiente com sua comida sensacional, frutos do mar chilenos, os melhores, vieiras que parecem medalhões, machas gratinadas... muito limão siciliano e pimenta aji para acompanhar.
Falando em pimentas, são um capítulo à parte, lindas, frescas ou secas, o povo chileno é quase baiano quando se trata de pimenta, comem tudo com pimentas...
Você encontra ainda no mercado ameixas secas enormes, carnudas... Azeitonas saborosas, com pouco sal... E as frutas, exuberantes, doces, caudalosas, generosas!
Ainda no Chile visitamos também (inúmeras vezes) o Mercado de Pucón, cidade que fica ao sul, na beira do vulcão. Todas as manhãs antes de nossos passeios passávamos por uma delicatessen chamada Huerto Azul e pelo mercado para preparar uma pequena matula de frutas, conservas, queijos, pães, embutidos...
O Mercado de Pucón é uma graça, com caminhões descarregando frutas e verduras fresquíssimas o tempo todo e tem a peculiaridade de ser ao ar livre.
Por fim, no Chile vale atentar para a quantidade de pequenas bancas espalhadas pelas ruas. Em geral são frutas e verduras que os produtores trazem para vender na cidade e montam suas banquinhas muito simpáticas com um bocadinho de cada coisa.

4- Mercado da Cantareira – Sampa
Paixão paulistana, visita obrigatória por locais e turistas, faz parte da alma da cidade. Este senhor de quase 73 anos, estilo neoclássico, obra de Ramos de Azevedo, continua lindo, exalando perfumes e deixando visitantes com água na boca.
A ultima restauração aconteceu em 2004, por ocasião das comemorações dos 450 anos da cidade, foi construído um grande mezzanino para abrigar diversos restaurantes, ficou chique, in... Os donos das bancas reclamam que este processo de elitização fez com que as vendas caíssem... Que o público atual freqüenta apenas os restaurantes.
Nas bancas destaque para as frutas, frescas, saborosas, raras (encontrei cacau, cajamanga, sapoti), para as lingüiças (calabresa curada e fresca, lingüiça Blumenau), azeites bons e baratos, o melhor bacalhau, frutas secas e temperos, muitos temperos, barracas inteiras de temperos...
Entre os restaurantes destaque para o melhor pastel de Sampa, do Hocca, e o sanduba de mortadela do Mané Lanches, que também serve um sanduba de pernil imperdível. Ambos ficam no térreo – pro pastel tem sempre uma fila grande, especialmente nos fins de semana.
No mezzanino, a coisa fica mais fresca e não tão boa, fomos almoçar por lá esta semana, tentamos primeiro o Brasileirinho - junção dos bares Canto Madalena com o Rei das batidas, vulgo C... do Padre (devido à sua localização, atrás da igreja de Pinheiros) - fomos destratados: primeiro avisaram que não podíamos ficar parados no corredor entre os restaurantes enquanto aguardávamos a mesa, depois fomos pedir uma batida no balcão, perguntaram pela senha de espera, informamos que o garçon que registrou nossa espera não tinha dado senha alguma. Quando liberou uma mesa disseram que não podíamos sentar em cinco em uma mesa para quatro embora houvesse espaço de sobra para isto (era dia de semana e o mezzanino estava vazio), diante de tantos nãos - nós que não saímos de casa para isso - resolvemos mudar de restaurante, fomos ao bom e velho Raful, representante histórico da comida libanesa em Sampa. Não é tão bom como o Raful original que fica em uma rua paralela a 25 de Março, mas mesmo assim vale a visita.
Merece destaque, o garçon Edvan, que para compensar a descortesia anterior, foi um doce de criatura, gentil, simpático, divertido! Grande EDNAN!

Há muito mais a ser dito sobre mercadões... deixamos para uma próxima postagem!

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