26.6.06

DELICADEZA

Reflexões sobre o Belém

Tatiana Belo Djrdjrjan

Senti o teu cheiro fresco ao andar nas tuas ruas entre cabisbaixa e altiva, aflita para não perder nenhuma das tuas indeterminadas quadraturas. Isso me preencheu de forma tão repleta que ainda não sei se me perdi para sempre ou se foi apenas um simples alerta. Reconheci nas tuas esquinas as mesmas quinas da minha memória universitária quando em ti estive exatos treze anos atrás, lembrança perdida e embaçada em meio a minha vontade libertária de compreender a tua história e o teu legado, ainda sem muita memória no meu passado.

A viagem para em ti chegar desta vez foi diferente. Ao invés das 44 horas por terra, foram apenas quatro nas asas do avião dormente. A rapidez de riscar o céu e adentrar sem aviso no norte me mostrou que em ti estar novamente - sem nenhuma programação - é mesmo pura sorte.

Na madrugada silenciosa, percorri suas ruas para encontrar abrigo. Imediatamente reconheci o teu aconchego, meu já eterno conhecido. A primeira noite foi de descanso manso a trazer para a memória todas as iguarias, festas e danças que me alegraram quando da primeira vez invadi o teu cenário.

Ao avistar a terra que te cerca no cais das docas, espaço da cultura e da arte, senti a tua inocência meio torta. Assim como as plantas de mandingas espalhadas pelas tuas ruas com nomes que indicam a atração que vigora nua. Chega-te a mim, vai-e-volta, carrapatinho, chora no meu pé e a que achei mais meiga e sincera, faz querer que não me quer, me mostraram como a selva está em ti presente, em cada esquina, cada rua, apenas com as plantas que dão o verde do seu ser sem estar aparente.

Há um certo frescor que guia o desejo do odor e das cores que os teus temperos anunciam. Quase como uma lembrança não vivida das recordações das especiarias das Índias, memória inexistente que me cativa como uma carícia e que me prende sem saída à minha imaginação sempre furtiva.

A chuva a cair, vez ou outra, mostrou a quentura do teu inverno. O céu sereno e límpido entre o escuro e o aflito precipitou suas lágrimas quando o teu calor o cercou, num ritual sem nenhum grito. Leve e sincera, inoperante e eterna a abraçar longamente meu corpo com o vento que não parou de soprar apesar do calor em nada aliviar.

No final do primeiro dia, a ânsia de te reencontrar me fez andar a esmo, sem indicações ou conselhos, ficando apenas com o meu olhar, preso entre os meus eternos tropeços. Avistei onde o baixo ventre em ti mora. Vielas quase desertas perto do cais com apenas algumas mulheres nas portas entreabertas, quase todas a escapar uma música estridente e indiscreta.Percebi que este lugar é parecido em todas as cidades, têm o ar do profano a lembrar o prazer instantâneo quando na verdade mostram apenas desejos perdidos e aflitos entre a lassidão do olhar e o beijo para sempre proibido.

Pude perceber que o descanso é em ti tão festejado e cultuado que as redes aqui possuem seu próprio supermercado. Redes que balançam as vontades daqueles que nos barcos se demoram nos afazeres sem nem mesmo saberem muito bem os seus próprios quereres.

No segundo dia, a chuva apareceu menos e talvez por isso o calor foi mais forte. A leitura do livro que me cativou me fez perceber o quanto a estada em ti é sempre forte. Da primeira vez, conheci animais, rios e desejos intermitentes e desta reconheci em ti o que estava todo o tempo à minha frente. O meu desejo irrealizado de perceber a tua delicadeza como marca indelével de cidade só foi perceptível quando em ti reencontrei a felicidade. Esta é a sua marca quase inaparente. A delicadeza de transformar as vontades e os quereres dos que em ti chegam naquilo que para sempre foram os seus desejos uniformes e ainda inaparentes.

A noite do segundo dia ainda não saiu de dentro de mim. Não a compreendi muito bem e por isso mesmo a guardei entre os recantos escondidos do meu coração como um tesouro encontrado e ainda não aberto. Percorri o caminho do cais até a berço do teu nascimento. Reconheci o modelo do forte a esperar a tua defesa, sempre contando com a própria sorte. O que realmente me causou encantamento foi avistar as onze janelas da casa perdida entre teus tormentos. Iluminada e perdida na tua sincera e pálida aquarela daquele momento. Adentrei nas suas paredes de história e inaugurei a alegria de avistar a tua baía sem nenhum corte, entre a iluminação perfeita e o borbulhar das águas sagradas. Foi como mergulhar sem salva vidas num mar de almas.

Ainda não me recuperei do afogamento. Sinto-me nadando eternamente naquelas águas e o que me prende é exatamente a tua delicadeza que me afaga sem nenhum lamento. Mesmo tendo entrando novamente no avião dormente. Mesmo tendo regressado para a minha terra com ares de ausente. Sinto o meu corpo se debater naquela baía. Sem corte ou morte anunciada. Apenas com a tua delicada delicadeza a me mostrar como morada. Belém, tu és como um amor para sempre perdido e encantado. Enamorado e incompleto. Guardado e secreto. Delicado e indiscreto. A insinuar no meu coração a dança do encontro eterno. Do que só reaparece a toda hora exatamente por parecer para sempre perdido, escondido nas entranhas dos meus desejos, para ti, sempre furtivos.

Bolinho de feijão

Paulo Mendes Campos

Uma vez, ao sair de um labirinto burocrático, psiquicamente entorpecido, reparei que eram onze horas de manhã limpa e amena. Suspirei para a mulher que estava ao meu lado: Que pena!

Que pena, sim, pois é bem ridículo renascer às onze horas de manhã limpa e amena, e não existir um só antro na cidade, no qual uma alma leve possa comer um bolinho de feijão! É uma das contradições da civilização! Intolerável que uma cidade devore oceanos de peixes, rebanhos de bifes, enxurradas de cereais e hortaliças, sem poder ofertar ao consumidor um pratinho de bolinhos de feijão. Fazendo minhas as palavras sombrias de um russo, no banho de luz da Praça Marechal Âncora, ameacei a humanidade: Mundo louco, feliz em tua loucura, o teu despertar será terrível!

Mas a mulher que andava ao meu lado era gringa, e perguntou-me: What is a bolinho de feijão?Well... um bolinho de feijão!

Um bolinho de feijão é feito de feijão-fradinho. Parece com acarajé, mas não é bem acarajé. Um bolinho de feijão é uma coisa que você come muito na infância, e mais ainda na adolescência, quando descobre a cerveja, e depois fica a procurar, em vão, por todos os cantos do mundo. Um bolinho de feijão, às vezes é a joie de vivre, para mim ele é le temp retrouvé, e era o que a Gioconda queria quando sorriu. Um bolinho de feijão é quase o que os germanos chamam de Gesamtkunstwerk, uma perfeita e orgânica obra de arte. Um bolinho de feijão é o maná (o quente) que este céu agora nos promete, mas não encontraremos jamais.

Mudando de rota (em Leblonema não há bolinho de feijão), cruzamos a praça, caímos à esquerda em General Justo, e comprei duas passagens no Aeroporto Santos Dummont.

Em Belo Horizonte - expliquei em voz baixa para a minha alienada - ainda há bolinhos de feijão. Não tanto quanto no meu tempo, é claro, pois a era dos enlatados corrompeu as paciências culinárias. Mas há! Sei de um bar n Rua da Bahia - o Ignacio's - que, neste mesmo instante, está a frigir bolinhos de feijão da melhor qualidade. Daqui a uma hora e de vôo e vinte e cinco minutos de táxi, eu te apresentarei, mulher, ao bolinho de feijão.

Dei bom-dia ao bom proprietário e escolhi o melhor lugar. Expliquei aboa técnica para a companheira: a gente não deve ir chegando e pedindologo um prato de bolinhos de feijão. Não. Deve tomar um ar de quem nãoquer nada, mas de quem pode subitamente ter uma idéia fabulosa. Comose os bolinhos nem existissem, pedir o melhor uísque escocês, para apanhar a boa boca. Ir bebendo com tranqüilidade, falando de coisas sem importância, para distrair a idéia. Depois, no momento de pedir o segundo uísque...

Foi o que fizemos. Falamos sobre as guerras da Ásia e outras trivialidades, bebericando devagar, com aquele gosto das esperanças certas. Acendi um cigarrinho e chamei o garçom:

- O senhor agora, por favor, vai trazer mais dois uísques e umpratinho com aqueles bolinhos de feijão

- O doutor vai desculpar, mas o bolinho de feijão está em falta.

Como Franz Kafka, não entendi mais nada. Passar duas horas numa repartição pública, descobrir de repente na luz da manhã que Deus existe, o avião existe, o bolinho de feijão existe... E o bolinho de feijão estava em falta! Meu primeiro ódio foi lingüístico, contra aquela expressão idiota: nada do que a gente quer devia estar em falta. Em seguida, com a fleuma dos arruinados, perguntei ao rapaz:

- Por que que o bolinho de feijão está em falta?

- Porque a cozinheira, que sabia fazer bolinho de feijão, partiu de faca na mão pra cima dum garçom, de faca na mão; o patrão mandou elaembora.

- Mas, meu amigo, não faz sentido: se a cozinheira, que sabe fazer bolinho de feijão, partiu de faca na mão pra cima do garçom, que não sabe fazer bolinho de feijão, quem devia ir embora é o garçom.

- Mas acontece, doutor, que a cozinheira não tinha razão.

- Meu caro, o bolinho de feijão tem razões que a própria razão desconhece... A prova disso é esta: acabamos de chegar do Rio deJaneiro para comer bolinho de feijão. Não é só isso: esta senhora nasceu na Europa para conhecer um dia o bolinho de feijão de Minas Gerais... Vê se quebra o galho, meu chapa.

O Inácio veio falar comigo e repeti para ele minha estupefação, no caso da cozinheira, e minha indeclinável urgência em comer alguns bolinhos de feijão. O homem comoveu-se, mandou um menino percorrer os botequins da capital. Aguardamos em silêncio.

Meia hora depois, três bolinhos de feijão, murchos e frios como as graças fanadas na véspera, eram colocados na mesa. Ela comeu um; eucomi outro; dividimos o último irmãmente. E voltamos para o Leblon.

(Os bares morrem numa quarta-feira, São Paulo: Ática, 1980, pp. 118-120)

24.6.06

Happy Hour Hipocondríaco

Fomos eu e Bromélia. Fim de tarde, ela estava indisposta. O Oswaldo Cruz fica no caminho da casa dela e é credenciado do convênio, resolvi acompanhá-la. Passou por uma consulta, fez uns examecos e enquanto esperávamos o resultado, demos um pulinho no restaurante do hospital...

Que belezura!!! De doer os olhos, um jardim lindo, voltado para a parte antiga do hospital, um prédio cheio de personalidade, todo avarandado... sentamos em uma mesa e ficamos olhando o jardim enquanto tricotávamos histórias e mais histórias...

No fim de tarde o restaurante serve sopas deliciosas, neste dia em especial, duas opções: canja e caldo verde. Esqueça toda pré-idéia acerca de comida de hospital rala e insonsa... prá acompanhar, pão, torradas, manteiga, queijo... tudo de primeira, nos fartamos... depois um cházinho, um docinho e assim se passou mais de uma hora...

Receitamos, seja o senhor ou a senhora hipocondríac@ ou não, vale uma visitinha ao restaurante do Oswaldo Cruz!

Ah, tudo bem com Bromélia, era apenas uma virose, braba, mas que passou!

20.6.06

Conserva de tomatinhos

Foto da conserva de tomatinhos (no canto superior esquerdo)
acompanhada da caponata (receita no Blog) e de um molhinho picante.


Aprendemos esta receita com a Tia Regina, cozinheira de mão cheia. Na ocasião, ela fez para acompanhar um pernil assado que seria servido em lascas para ser comido com pão...

Adaptamos a receita original ao nosso gosto, acrescentamos os cogumelos, algumas especiarias que não existiam, modificamos o ácido... Achamos o resultado tão bacana que entrou para o ranking de nossas receitas prediletas, uma excelente opção de antepasto para festas e que com carnes fica divina, maravilhosa!

Em uma panela de fundo grosso adicione os seguintes ingredientes (em quantidades ao gosto dos convivas):

Dentes de alho inteiros (sem casca).
Mini cebolas inteiras (sem casca).
Pimenta do reino em grãos.
Pimenta rosa.
Cravo.
Canela.
Cardamomo.
Louro.
Tomilho fresco.
Cogumelos paris ou shitake frescos (opcionais, mas ficam deliciosos).
Aceto balsâmico e um pouco de água (o suficiente para ficar uns dois dedos de líquido na panela – neste caso, a maior ou menor acidez depende do gosto d@ cozinheir@).
Sal.

Deixe levantar fervura e então junte os tomatinhos cereja ou pêra aos poucos, espere a casca rachar e reserve-os em outro recipiente e assim sucessivamente até que todos os tomatinhos passem pelo processo.

Depois de cozidos os tomatinhos, junte ao caldo que restou pimenta (pode ser em conserva, fresca ou seca – depende do ardor desejado), prove o sal e deixe reduzir um pouco.

Despeje o caldo sobre os tomatinhos e regue generosamente com azeite extra virgem.

Tem uma boa duração na geladeira e fica melhor depois de um ou dois dias pegando gosto.

19.6.06

Arroz com costelinhas de porco

Fiz esta receita ontem para acompanhar o jogo do Brasil na Copa! Ficou gostosa e portentosa como sempre!



Essa receitinha, adaptada à gastronomia goiano-mineira, passada de geração para geração, remonta à infância da humanidade, isso se a senhora e o senhor tomarem por base o texto bíblico... É a vingança definitiva de Lilith e Eva sobre o boçal do Adão.

Cansadas de pecados, costelas, maçãs, serpentes e de toda a baboseira da versão unilateral de Adão sobre o paraíso e decididas a colocar, de uma vez por todas, os pingos nos “is”, mesmo porque a tal versão oficial deve-se unicamente à boa relação de Adão com a imprensa, em um ritual quase catártico Lilith e Eva criaram, executaram e se lambuzaram com um “celestial” arroz com costelinhas de porco... de comer de joelhos!

Em uma panela de fundo grosso, de preferência de ferro, doure em pouquíssimo óleo – algo como uma colher de sobremesa – uma cebola de estatura mediana, cortada em cubinhos tão pequenos quanto sua habilidade permitir. Deixe reservada uma outra cebola cortada da mesma maneira para usar mais adiante.

Junte à cebola da panela um quilo de costelinhas de porco, não muito gordas e de preferência com muita carne, cortadas em pedaços de aproximadamente 10 cm de comprimento. No fogo médio, refogue a costelinha, misturando com paciência, em uma quase meditação, como quem entoa um mantra... Conforme a carne for grudando na panela pingue água e novamente misture, e pingue água e novamente misture, até que se obtenha a cor de bronze. Salgue, então, a gosto e junte a cebola reservada. Misture novamente para que a cebola nova roube, da costelinha, o bronzeado.

À parte, lave bem o arroz até sair toda a goma... Quanto arroz? Essa é uma pergunta deveras complicada... Vale a dica vinda de um restaurante de Paraty, um dos paraísos terrestres... Dois punhados cheios de arroz por pessoa e mais dois punhados cheios de arroz para a panela... Para a receita em questão Lilith e Eva aconselham aproximadamente 12 punhados, o que vai render cinco porções.

Mas a prova final fica mesmo por conta do olho bom do senhor ou da senhora, o tanto certo de arroz para essa receita é aquele que fica proporcionalmente adequado, só de olhar, à quantidade de costelinhas, nem menos nem mais. Quando cozido, o arroz deve envolver a costelinha que ficará imersa nele, sacou?!

Volte ao pas de deux da costelinha com a cebola e junte o arroz, também ansioso por dourar-se... Voilà: temos um perfeito ménage à trois! Para literalmente apimentar ainda mais a história, junte três pimentas dedo-de-moça, frescas e inteiras, e uma pimenta bode, em conserva, sem amassar. Misture mais um bocadim e junte água suficiente para cobrir a mistura. Prove o sal, misture mais um pouco e deixe ferver em fogo alto.

Quando a água estiver quase seca e aparecendo os furinhos formados pelo calor no arroz, tampe a panela e abaixe o fogo ao mínimo. Se tiver uma chapa de ferro ou alumínio coloque sob a panela. Passados uns minutos experimente para ver se a água secou totalmente e se o arroz já está cozido. Polvilhe com salsinha, desligue o fogo e deixe descansar mais uns cinco minutos. Pratique, então, aquele delicioso pecado capital...

Mais uma dica: na minha terra, comemos esse prato acompanhado por uma saladinha de tomate cortado em rodelas finas, cebola, cheiro verde e pimenta, temperada com limão, sal e azeite. Para completar e deixar a refeição ainda mais portentosa: depois de pronto, antes de servir, cubra o arroz com uma camada de bananas-da-terra fritas em rodelas... Ai, ai, ai...

Lilith e Eva colocariam na salada umas fatias de maçã...

14.6.06

Bacalhau

Ontem tive aula de bacalhau, descobri muitas coisas importantes a respeito da iguaria... copiei do site www.bacalhau.com.br as informações que seguem:

Os 5 tipos de bacalhau salgado e seco

Do ponto de vista técnico, entende-se por peixe salgado e seco o produto elaborado com peixe limpo, eviscerado, com ou sem cabeça e convenientemente tratado pelo sal ( cloreto de sódio ) , devidamente seco, não podendo conter mais de 40% de umidade para as espécies consideradas gordas, tolerando-se 5% a mais para as espécies consideradas magras.Dentro destas características, existem 5 tipos diferentes de peixes salgados secos no mercado brasileiro : Cod Gadus Morhua, Cod Gadus Macrocephalus, Saithe, Ling e Zarbo.

Pela legislação que está sendo aprovada, apenas dois tipos poderão utilizar a designação Bacalhau: o Cod Gadus Morhua, o Legítimo Bacalhau, e o Cod Gadus Macrocephalus, o bacalhau do Pacífico. Os demais deverão receber a designação"pescado salgado seco".

O Cod Gadus Morhua é o Legítimo Bacalhau, também conhecido no Brasil como "PORTO", "PORTINHO" ou "CODINHO" ( Porto é uma denominação tradicional e comercial do bacalhau Cod quando o peixe apresenta um tamanho superior a 3,5kg). É pescado no Atlântico Norte e considerado o mais nobre bacalhau.Normalmente, é o maior, o mais largo e com postas mais altas. Tem coloração palha e uniforme quando salgado e seco; quando cozido, desfaz-se em lascas claras e tenras, de sabor inconfundível e sublime. É o bacalhau recomendado em todos os pratos da cozinha internacional.

O Cod Gadus Macrocephalus, ou Bacalhau do Pacífico, é muito semelhante em aspecto com o Cod Gadus Morhua, e vem sendo comercializado há cerca de 10 anos no Brasil. No entanto, é diferente do Legítimo Bacalhau, com diferenças fundamentais: não se desmancha em lascas, é fibroso e não tem o mesmo paladar.Por isso, é um peixe mais barato e tem sido vendido em muitos pontos de venda, devido à semelhança, como sendo Legítimo Porto.Não é fácil diferenciar um do outro: uma das formas é observando bem o rabo e as barbatanas - se tiverem uma espécie de bordado branco nas extremidades, é macrocephalus. Outra forma é pela coloração: o macro é um peixe bem mais claro (quase branco) que o Legítimo Porto, o que confunde boa parte dos compradores.

O Saithe é um tipo mais escuro e de sabor mais forte. Muito mais barato que o Cod, é o tipo mais importado atualmente e é o campeão de vendas no Nordeste brasileiro. É utilizado para bolinhos, saladas e ensopados de bacalhau, porque quando cozido sua carne desfia com facilidade.

O Ling é bem claro e mais estreito que os demais. Tem um bom corte e é muito apreciado no Brasil. Sua carne é clara, bonita e por isso atrai muitos compradores.

O Zarbo é o mais popular e os peixes, geralmente, são menores que os demais tipos.

Classificação

Todos os 5 tipos são classificados em 3 categorias:

Imperial - É a melhor classificação. Significa que o bacalhau está bem cortado, bem escovado e bem curado. O Porto Imperial é exemplo do melhor dos melhores.

Universal - Classificação que identifica o bacalhau que apresenta pequenos defeitos, que não chegam a comprometer sua qualidade, visto que o paladar é o mesmo do Imperial;

Popular - É o bacalhau que apresenta manchas e do qual faltam pequenos pedaços, extirpados pelo arpão na hora da pesca.

É de praxe nas importações de bacalhau que 80% dos peixes sejam classificados como Imperial e 20% como Universal.

6.6.06

El Guatón

Logo de cara o que chama atenção são as bochechas rosadas, tipicamente chilenas do Guatón... funcionam como um selo de qualidade, atestam a autenticidade do comedouro... depois o cardápio, tudo muito típico, para quem já provou (e gostou) da comida chilena, só a leitura do cardápio já anima o apetite.

Começamos com uma empanada, deliciosa, coloca no chinelo as do Bar Empanadas (do qual continuamos fãs pela atmosfera, mas já não serve mais como paradigma do acepipe) acompanhada por um molhido de pimenta aji, delícia, delícia...

Pedimos então o "pastel de choclo", uma das perfeitas traduções de comida honesta, uma torta de milho (na realidade a massa é um purê de milho verde doce) recheada com carne, frango, cebola, azeitonas, uva passa e depois assado, chega à mesa supitando... prá acompanhar uma "ensalada chilena": tomates decascados com cebola e coentro, temperada com limão e azeite...

Deixamos para uma próxima ida as humitas, representantes chilenas das pamonhas brasileiras, com a diferença de que levam cebola e coentro na massa, autêntica comida mapuche!!!

De sobremesa um chilenito, espécie de alfajor que em lugar de chocolate é coberto por suspiro, tem a massa levinha, sequinha e o doce de leite perfeito... dá a exata medida da loucura do povo chileno por doces... verdadeira mania nacional!

O melhor da festa é a conta, em média (com cerveja) R$ 15,00 "per capita"!

Conheça: Rua Arthur de Azevedo, entre a Henrique Schauman e a Francisco Leitão.

4.6.06

Para Copa

Pipocas especiais para acompanhar os jogos da copa:

Nada de pipoca de microondas, resgate a velha pipoqueira que já deve estar com teias de aranha no fundo do paneleiro, ou se já foi doada há anos atrás, serve qualquer panela grande:

1- Com pimenta

Parta uma pimenta dedo de moça ao meio no sentido do cumprimento, retire as sementes. Derreta manteiga, junte o milho e a pimenta e mexa até que as pipocas comecem a estourar, retire então a pimenta, e espere estourar o restante da pipoca mexendo a panela de quando em quando, salgue depois de pronta. Fica levemente picante, uma delícia. Se quiser mais picante deixe a pimenta na panela até o fim do processo.

2- Com alecrim

Pode ser com manteiga ou com azeite, fica bom das duas formas. Junte o galho de alecrim logo no começo e deixe até que todas as pipocas estejam estouradas.

3- Alho e óleo

Amasse um dende de alho com casca e tudo e jogue na panela com azeite e um fio de óleo deixe também até o fim do processo.

4- Açucar e canela

Derreta manteiga, junte açucar (não muito, coisa entre uma ou duas colheres de sopa), e o milho de pipoca, misture bem, o açucar irá caramelizar, polvilhe com canela. Quando começar a estourar mexa com maior regularidade a panela.

2.6.06

Leôncio

- Uma porção de camarões alho e óleo, no capricho!
- Tem limão?
- Peraí - vai até a casa da vizinha, e pede: - D. Fulana, me arruma aí um limãozinho do pé!
Voilá, eis o limão!
- Pimenta?
- Caseira?
- Por favor!
Eis que se materializa na mesa uma pimentinha caprichada, curtida na cachaça... saborosa...
- Coca light?
- Tem não, mas peraí que já arrumo!
Alguns minutos depois, volta ele com a coca, um copo cheio de gelo e uma rodela de limão do pé da vizinha.
- E o peixe, como está?
- Pescado hoje!

Meia hora depois, a mesa posta: arroz, feijãozinho temperado, peixe frito, batata fresca frita (deve ser um dos últimos restaurantes do mundo que não sucumbiu à batata congelada), saladinha de tomade verdolengo com cebola... tudo no capricho, tudo com gosto de comida de mãe!

Ficou com vontade? Vá lá: fica na prainha em Fortaleza... Passe o beach parque e siga... vire em algum lugar à esquerda e pergunte onde fica a barraca/restaurante do Leôncio... enquanto espera a comida assunte para os pescadores passando com fieiras e mais fieiras de peixe recém pescado... um paraíso... o difícil é não pedir um emprego em troca de cama e comida pro Leôncio!
Torta de ameixas por dentro e por fora...

Daniel Briant

Chez Daniel!
Neste retorno a Brasília, revisitamos um de nosso lugares favoritos não apenas pela comida de primeiríssima qualidade, mas também pelo clima, um café parisiense em pleno Planalto Central!

E chegamos em hora boa, a tempo de pegar a temporada da torta de ameixas do Daniel... sensacional, só ela já vale a visita... mas ela depois da saladinha de verdes com salmão defumado... aiaiai...

Quando morávamos em Brasília éramos assíduos... almoços e mais almoços, em vários dias curamos nossas angústias e saudades com a comidinha de lá... cafés da manhã intermináveis aos domingos sob aqule gazebo acolhedor... entre um suco e outro uma olhadinha no tempo... um croque monsieur... uma lidinha no jornal do dia... uma xícara de café... uma palavrinha com Daniel...

Aliás só o Daniel vale todo um post no blog, xerox autenticada do Asterix em plena Candangolândia! E dá-lhe bom humor, irreverência e resistência, que outro lugar explicaria aos clientes no cardápio a exploração dos cartões de crédito?

O sujeito é gente finíssima. Letícia logo em sua primeira passada por lá, descobriu a história dos cartões... estava sem dinheiro e sem cheques... era aniversário de uma grande amiga, queria levar uma torta de presente, ele fez fiado, era uma estranha, recém chegada de outra cidade... é claro que depois desta voltou prá pagar e viramos clientes de carteirinha!

Outra iguaria do cardápio são as crepes feitas com farinha de trigo sarraceno. Crepes verdadeiras, nada de panquequinhas com recheiso esdrúxulos, como frango com catupiry! E para acomapnhar cidra (de verdade, normanda!). Sensacional!

Aliás, o cardápio do Daniel é uma verdadeira aula de cultura francesa. E ele tem um "programa" de educação em gastronomia e cultura francesa para os garçons. Enfim, passem por lá e aproveitem o ambiance... para quem conhece Paris vale par relembrar. Para quem não conhece, é um bom começo!

Vive la France!