9.7.06

Marys, Koyamas, cerejeiras, obento e... línguas!

Estava lendo agora o artigo mensal da Mary Hirata na revista da folha, ela falava do Obento, que quer dizer marmita, e que é uma verdadeira tradição no Japão. Começa ainda na infância, quando as crianças levam o seu para a escola, e assim além de comerem uma refeição balanceada, matam a saudade de casa na hora do almoço em companhia dos colegas de escola... comida de alma, como diria Nina Horta!

Além do Obento que cada um traz de casa, Mary conta que existe uma grande competição entre as estações de trem das províncias japonesas de qual seria o melhor Obento. Cada estação traz a especialidade da região, continua ela, os sushis de cavalinhas de Kyoto, o arroz com siri desfiado de Niigatae... a língua de boi grelhada no carvão de Sendai... ou seria São José dos Campos? Explico: Em São José tem um restaurante japonês que vale a pena, ou melhor, vale mais que a pena, típica comida de alma japonesa...

A história é a seguinte: o Sr. Koyama, chegou ao Brasil há mais ou menos trinta anos para trabalhar na Panasonic, em São José dos Campos... A delicadeza e educação em pessoa... seu hobby, cozinhar, seu sonho, abrir um restaurante... Porém, sua esposa nunca topou a empreitada, não tinha a mesma alma cozinheira (embora hoje toque um dos restaurantes) e sabia que a trabalheira iria acabar ficando para ela, uma vez que o Sr. Koyama ainda trabalhava na Panasonic... Veio a aposentadoria e os filhos intercederam junto à mãe, tamanha paixão do pai pela gastronomia... resolveram abrir um restaurante pequeno, o Yamabuki. O sucesso foi tanto que abriram franquias nos dois shoppings da cidade, bem diferentes do original, mas mesmo assim bons, dos poucos fast food japoneses que são de fato de qualidade...

Mas voltando ao Yamabuki original, é lá que o Sr. Koyama faz arte. Sem exageros, é um dos melhores restaurantes japoneses que já experimentamos, comida delicada, cuidadosa, artística, sobretudo honesta... É o único japonês em que vamos para pedir Yakissoba, e não é qualquer yakissoba, a massa é caseira, fresca, não está boiando em molho, inchada, molenga... é sequinho, os legumes crocantes, carne de vaca, porco e camarão, tudo misturado, gengibre curtido por cima, delicioso... domburi de frutos do mar... sensacionais... Fora as coisinhas especiais que o Sr. Koyama nos oferece para provar. Certa vez me ofereceu um marisco curtido no shoyo e algo doce (parecia mel) que não tenho palavras para descrever, de tão bom...

A essa altura vocês devem estar se perguntando: Mas o que tem a ver o Obento da Mary com o Sr. Koyama, fora o fato de estarem inseridos no mesmo universo da comida japonesa? É que um dos pratos típicos do Yamabuki, e que só encontramos lá, em nenhum outro japonês, é o Yaki (espetinho) de língua! Sem querer descobri hoje que é típico de Sendai... que deve ser a província do Sr. Koyama (perguntaremos a ele na próxima ida ao Yamabuki). De qualquer forma, vale tomar um ônibus e até um avião para experimentar a iguaria, deliciosa, nossa pedida sempre que vamos ao Yamabuki, imperdível!!!

Continuando com Mary, ela diz que agora no Japão estão em plena época das cerejeiras em flor, verdadeira festa nacional. É uma tradição nesta época comer um Obento sob uma cerejeira... um verdadeiro empurra empurra pra arrumar um lugar bacana em um jardim público para desfrutar com amigos e familiares a comida sob flores... O Hanami (observação das cerejeiras) é tão festajado no Japão como o carnaval no Brasil, continua ela...

Essa conversa toda me deu a maior fome... na falta de cerejeiras, os ipês estão floridos... Vou resgatar meu exemplar de "O Jardim das Cerejeiras", preparar meu Obento e sair em busca de um deles prá sentar embaixo...

Quer conhecer o Yamabuki? Fica na Praça São Dimas, em São José dos Campos. Passando por lá, saudações ao Sr. Koyama!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Hum cerejeiras!
Beijinhos e boa semana!